Cárcere da morte

Dentro do meu triste mausoléu

As trevas cantam as agruras

A viúva e seus lamentos sob o véu

E a dor vem cruel e dura

No ranger dos caixões que se avizinha

Vejo a morte a festejar

As caveiras com suas vozes fininhas

Tal qual um agouro de matar

O fedor das carnes recém chegadas

São um banquete para os vermes

Que devoram toda a pele rasgada

É o prato principal que se serve

O cheiro de enxofre toma o ar

Rastros de sangue pelo corredor

Mais um desgraçado acaba de chegar

Um caixão novinho, puro frescor

No chorar da viúva eu me alegro

Pois a sua tristeza é a minha alegria

Ao partir mais um corpo, eu feliz pego

Pois é o meu alimento de todos os dias

Uns me temem e eu não tenho platéia

Mas a vida é assim, a terra há de comer

Sou um ser invisível, sou a bactéria

Que vai agindo ferrenha pelo apodrecer.

Poemicida
Enviado por Poemicida em 11/08/2022
Reeditado em 11/08/2022
Código do texto: T7579994
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