Fantasmas Atemporais
Enquanto fico a espreitar
A doce solidão de meus dias,
Sinto, ao meu redor,
Os fantasmas, essas
Faces de todos os tempos,
A me rodear, etéreos,
A soprar em meus ouvidos
Os pálidos sussurros
De lembranças mortas
E das memórias do porvir.
Deitando a cabeça
No meu leito de penumbra,
Vejo se projetar em minhas retinas
Os fantasmas, moucos,
Do tempo a se perder,
Mostrando as torturas
De vagar, à eternidade,
Rumo aos momentos noturnos
De angústia que se
Estendem adiante,
Rumo aos etéreos braços
Erguidos à espera
Do saldo, em sangue,
De minha dívida,
Paga a cada parcela carnal
Em minha jornada
Rumo ao destino
De todas as almas
Que comigo caminham.