Além das eras
Sem me ater
A essa solidão que abraça,
Fico a relembrar
A doçura daqueles dias
Em que me via no meio
Das sombras a me rodear
Sempre no leito
De negro louvor
Que, aparentemente, se estenderia
Por além das eras,
Cada batida do relógio
Me afastando do rancor
Que hoje não passa
De pálido fantasma adormecido.
Agora fico a apreciar
Esse rubro tapete de sombras
Que me convidam a caminhar
Guardando no peito alquebrado
O nobre sentimento, outrora
Corrompido, ao me jogar nos braços
Tua abençoada alma,
Relegando a mim, com fervor,
O prazer de cuidar de ti,
Tarefa que, com amor,
Cumpro agora e levarei
Além das eras com louvor,
Me limpando a alma
De cada angústia que
Pesa sobre nossos antes
Cansados ombros,
A cada momento um repouso
De nossas macabras tristezas.