Sangue revolto
Em mais um ciclo sinto,
Em minhas veias, a doçura
Desse sangue, correndo revolto,
Me fazendo sentir a vida correr
Alegre, mas sombria, nessa noite
Em que me dou ao luxo
De celebrar mais um ano
Abraçado aos fantasmas que
Agora me libertam desse sono vazio
Em que outrora saboreava.
Agora que deixo correr
Na taça de minhas veias
O sangue revolto que abriga
Em meu corpo, celebro com suave
Melancolia a sombria unção
Que me acalma a rubra vida
A que meu corpo se sustenta,
Acolhendo no peito cada sentimento
A bater no fluxo, vermelho, errante,
Me fazendo sorrir, mesmo que
Nessas horas negras em que
Me sinto mergulhar de cabeça
Na escuridão que me abraça
Nesses momentos de solidão.