Ao corvo que me servia
Vi um corvo me rondando
Procurando e observando
Suas asas lançavam um feitiço distraído
Fazendo o céu nublado parecer distorcido
Vi um corvo pousando
Sua mensagem urgente o puxando
Seu olhar impaciente suplicando
Vi um corvo entoando
O encantamento teatral me calando
Sabendo do desespero que estava me afundando
Vi o corvo me contando
Que os sonhos ele encontra flutuando
Que não havia motivo para meu andar acuado
Que eu poderia respirar sem sentir meu peito abafado
E esse corvo tão sombrio
Me contou os segredos em instantes
E me pediu gentilmente
"Faça tua prece em segredo antes que te deites"
Me contou sobre o brilho dos alicerces
E me garantiu apressadamente
"Te livrarei daí antes que te adoeces"
E em seu olhar frio me mostrou como partiu
E deixou no céu o rastro da saudade
Fazendo com que meu coração se apertasse
Trazendo a tona todo meu alarde
Me envolvendo em sobriedade
E deixou no céu a inconstância da verdade
Fazendo com que meu coração se desmanchasse
Trazendo até mim o peso da verdade
Me olhando ao longe contra minha vontade
E deixou no céu o rastro da vaidade
Fazendo com que meu coração palpitasse
E deixou no céu o adeus de sua sonoridade
Fazendo com que meu coração se angustiasse