__...Gotas gélidas e Abissais...__
É uma lívida faca assaz ardilosa
A penetrar em mia tez macilenta
Esgana o eflúvio cá dadivoso
Em mia sombria alma anátema
Saturno cá me esvanece
E exangue, engatinho no lamaçal
Nesta urbe inóspita que cresce
Cinzenta, plúmbea carta do mal
Por vezes perdido em mias quimeras
Na inércia e úbere doença da dor
Conseguirei me vencer, por eras?
Ou predestinado estarei ao dissabor!
Taciturnos sentimentos vangloriam
Exacerbadas penas escarradas ao profano
Profundas e lancinantes, tais feridas
Congelam meu infausto e rude cenho
Aos anjos, não ouso aqui prostrar-me
Adiantando-me deveras à luz servil
E merencório ao meu mundo a danar-me
Num poço abissal, ardiloso e vil
Sôfrego, sorvido e hirto em angústia
Sadistas lamúrias a enfeitar meu cerne
Espinhos rilhados pela real paúra
Lutuosa alma, esfaimado verme
Apenas ao amor concretizo meus dias
Avultados numa vasta extensão de paz
Doirando ardoroso mias gélidas caídas
Ao mundo cá, que aos meus dias se apraz
Cansado estou, haurido pela essência morta
Excomungado por mias próprias oferendas
Prece ladina, lâmina austera que corta
Redimensionando, as gotículas agourentas
Meu interno mundo,
meu maior pranto...
Lânguidos dias,
Profanos cânticos...