__...Gotas gélidas e Abissais...__

É uma lívida faca assaz ardilosa

A penetrar em mia tez macilenta

Esgana o eflúvio cá dadivoso

Em mia sombria alma anátema

Saturno cá me esvanece

E exangue, engatinho no lamaçal

Nesta urbe inóspita que cresce

Cinzenta, plúmbea carta do mal

Por vezes perdido em mias quimeras

Na inércia e úbere doença da dor

Conseguirei me vencer, por eras?

Ou predestinado estarei ao dissabor!

Taciturnos sentimentos vangloriam

Exacerbadas penas escarradas ao profano

Profundas e lancinantes, tais feridas

Congelam meu infausto e rude cenho

Aos anjos, não ouso aqui prostrar-me

Adiantando-me deveras à luz servil

E merencório ao meu mundo a danar-me

Num poço abissal, ardiloso e vil

Sôfrego, sorvido e hirto em angústia

Sadistas lamúrias a enfeitar meu cerne

Espinhos rilhados pela real paúra

Lutuosa alma, esfaimado verme

Apenas ao amor concretizo meus dias

Avultados numa vasta extensão de paz

Doirando ardoroso mias gélidas caídas

Ao mundo cá, que aos meus dias se apraz

Cansado estou, haurido pela essência morta

Excomungado por mias próprias oferendas

Prece ladina, lâmina austera que corta

Redimensionando, as gotículas agourentas

Meu interno mundo,

meu maior pranto...

Lânguidos dias,

Profanos cânticos...

Tiago Tzepesch
Enviado por Tiago Tzepesch em 13/05/2022
Reeditado em 13/05/2022
Código do texto: T7515414
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