Memórias de uma alma desolada
Aos abutres que rodearam minha carcaça, e aos vermes e sanguessugas que tanto desejaram minha vida, dedico essas palavras, e todo o meu profundo e verdadeiro ódio. Atormentado pelas correntes do passado que marcaram com o fogo minhas costas, exalto a dor, e relembro como fui atroz com minhas próprias feridas expostas.
Ao instrumento reprodutor da melodia agonizante de um futuro incerto, dedico essas palavras, e todo o meu profundo e verdadeiro ódio. Melodia diabólica que corrói minha espinha, e com a maestria do instrumentista impossibilita minha ação. Meus ouvidos sangram enquanto tentam acompanhar as batidas do meu coração. Canção da morte que tem me acompanhado desde meu nascimento. Danço conforme o caos, mas no fundo eu choro, e lamento.
Ao ilusionista que me vendeu a ideia de ser alguém, dedico essas palavras, e todo o meu profundo e verdadeiro ódio. Enganado pelos atalhos. De joelho fico sob a face da desistência. Aquilo que me guarda tem em sua posse toda a minha essência.
Cães do inferno que sempre me perseguem e me levam aos atos de loucura. Estimulantes do prazer e do perigo, considerem-se tudo, menos meus amigos! Fogo do tártaro, onde minha alma faz morada, e com este fogo faço o que tiver que ser feito. Sem suborno, sem ameaças... sem a garantia de nada. Sem limites, sem regras, sem moldes ou doutrinas.