Nunca Mais
Entre quatro paredes,
a solidão perene ecoa
e o vazio destoa a voz
que, chorosa, sufoca
l e n t a m e n t e.
Toda a gente padece
um pouco maia
a cada manhã dorida
de verdades fingidas.
Nada mais tem valor
no vão ostensivo
que reluz incolor.
Empatia é sonora
nos lábios sem amor
de homens e mulheres.
Eu sempre me questiono:
o que eles pretendem
falando do que não sentem?
Mentiras há muito contadas
desfilam encorpadas nas ruas,
nos lares e nos corações frios.
Apenas eu divago adoidado
sobre os nossos temidos vazios?!
Ignorar a escuridão à janela
não apagará as sequelas.
Nada mais será como antes!
Deitada em minha gélida cama
escuto o crocitar da ave medonha
que sobrevoa o alto do meu ser...
"nunca mais" — eu a ouço dizer.