A enigmática dança das Sombras
Deitado em meu jazer
Pelo quarto penumbroso
Ouço sussurros oriundos
De meu cárcere assombroso
Noto os vultos bailando
Numa dança ímpia e nefanda
Ornadas em suas mortalhas
Sorvendo almas e cantarolando
Donzelas lutuosas do abismo
Deleitam-se em todo meu ser
Olhares penetrantes e famintos
Numes cadavéricos a apetecer
Em seu baile tenebral aturdido
Aos passos infernais sucumbidos
Almejos deveras ebriáticos
E cânticos quiçá ternurentos
A dança inefável e taciturna
Desenha figuras espectrais
No escuro de mi´alma penumbra
Aos sonidos plácidos sepulcrais
Num toque de acordes tenebrosos
O lume de meu espírito crepita
Retumba os violinos chorosos
Tal qual uma anestésica morfina