O Peso do Ventre e de Outros Sofismas Sofisticados

O que se passa nos caminhos da estima?

Os beijos são a amargura de teatros demolidos

A carne húmida e quente se atraem e traem

Desejos, negando e enrijecendo o ritual do intervalo

Eu amo o deus turvo do imprevisível

Me decora com mariposas de carne

Me dissipa com o gosto da autoafirmação

Onde minha ferida é uma construção de cal e amônia

A leveza do ar de chumbo, ventanias âncoras

Moinhos não são mais dragões do infinito

Mas sim, criações do homem-prostíbulo

Para cantar seus feitos inéditos de papel

Se todo corpo é um templo

A nudez é a própria santidade

Que não se entende, contempla-se

Ou deveria, se não houvessem mágoas

De algum jeito, o letal se domestica

O sangue corre ao contrário do feitiço

Para fora da boca de algum vampiro

Fomentado em sinônimos da prata e da objetificação

Ícaro em voo denso, manifesto caolho

Faminto e prudente, nas teorias profanas do ego

Adere a fornalha que lhe retraí e requenta

Em blasfêmia com o rei couraça de plástico

O loco e o lobo, destilando o peso

Que corpos construíram a Roma

Trazer o verde e depois o azul da inveja

A toda a sorte de quem dança com presbíteros

Os feitos de quem alcança a suprema vaidade

Se olha e aprende, mesmo que de olhos fechados

O outro o vê um pedaço de Vênus que de tão novo

Idolatra e crava os dentes, depois as narinas e por fim os dedos...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 31/01/2022
Reeditado em 31/01/2022
Código do texto: T7441858
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