Casarão malasombrado

Quando morei em Recife no bairro do Espinheiro,

apesar de ser uma criança

claramente até hoje me lembro

de uma residência que se localizava

na mesma rua em que morava

na casa dos meus avós,

de cor cinza claro e diagonal de nós,

portanto do outro lado de uma rua meio curvada

e, bastante sombria devido as árvores

que por toda ela na calçada

em ambos os lados estavam.

Durante o dia literalmente escutávamos

os cânticos de dezenas de pássaros

e, quando a noite chegava

as corujas seus cantos soavam

antes do show de terror começar.

Lembro-me que durante a noite

se ouvia gritos, choros e chicotadas

nas costas de uma mulher que ali morava

e, boatos eram ditos

que ela outrora era casada

mas, que, por ter traído o seu marido

ele se suicidou e agora o seu espírito lhe torturava.

Certa noite perto das nove horas

recordo que na cama já estava,

quando a minha tia me chamou

para de perto apreciarmos esse terrível show,

quando vi com os meus próprios olhos

cadeiras serem levitadas e arremessadas

contra a parede da sala,

como escutei o barulho das chicotadas

e lhe vi correndo, gritando, chorando e gemendo

sem que não pudéssemos fazer nada.

Isso continuou por um tempo,

até que uma certa tarde vimos

um padre com dois ahudantes

que rezaram e espalharam água benta

realmente por todo o casarão

qual, logo depois fora vendido

para um casal com quatro filhos

e, rumores circularam que ela fora morar em São Paulo,

e como quase em seguida também nos mudamos

para o bairro vizinho intitulado Encruzilhada,

realmente nunca mais soube sobre aquela assombração

que estava naquele cinzento casarão

que, verdadeiramente a todos

da rua Carneiro Vilela atormentava.

Silvio Parise
Enviado por Silvio Parise em 15/12/2021
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