Casarão malasombrado
Quando morei em Recife no bairro do Espinheiro,
apesar de ser uma criança
claramente até hoje me lembro
de uma residência que se localizava
na mesma rua em que morava
na casa dos meus avós,
de cor cinza claro e diagonal de nós,
portanto do outro lado de uma rua meio curvada
e, bastante sombria devido as árvores
que por toda ela na calçada
em ambos os lados estavam.
Durante o dia literalmente escutávamos
os cânticos de dezenas de pássaros
e, quando a noite chegava
as corujas seus cantos soavam
antes do show de terror começar.
Lembro-me que durante a noite
se ouvia gritos, choros e chicotadas
nas costas de uma mulher que ali morava
e, boatos eram ditos
que ela outrora era casada
mas, que, por ter traído o seu marido
ele se suicidou e agora o seu espírito lhe torturava.
Certa noite perto das nove horas
recordo que na cama já estava,
quando a minha tia me chamou
para de perto apreciarmos esse terrível show,
quando vi com os meus próprios olhos
cadeiras serem levitadas e arremessadas
contra a parede da sala,
como escutei o barulho das chicotadas
e lhe vi correndo, gritando, chorando e gemendo
sem que não pudéssemos fazer nada.
Isso continuou por um tempo,
até que uma certa tarde vimos
um padre com dois ahudantes
que rezaram e espalharam água benta
realmente por todo o casarão
qual, logo depois fora vendido
para um casal com quatro filhos
e, rumores circularam que ela fora morar em São Paulo,
e como quase em seguida também nos mudamos
para o bairro vizinho intitulado Encruzilhada,
realmente nunca mais soube sobre aquela assombração
que estava naquele cinzento casarão
que, verdadeiramente a todos
da rua Carneiro Vilela atormentava.