Solstício

Meu nome fora célebre

Entre tuas feras e comícios

Institivamente concebendo Cérbero

Ansiando deslizes morais

Meu bem, eu lhe digo:

Eu sou inapropriado

Afasta-me de todos os teus filhos

Eu sou seu veneno e o antídoto deles

Meu corpo fora o imaginário

Teu temor reciclável

Mesmo que esteja diluído

Nas águas turvas do espírito confortável

Tampouco sou invenção

Eu sou reação violenta

Às tuas óperas de obsessões

Cantando à bestas sexo e pólvora

Me procuras nas horas mais infernais

Me recriando à imagem de Lilith

Com tal zelo, para expurgar-me

Para fora dos teus verões amenos

O que antes era amargura, hoje deleite

O que antes era provocação

Reinava mandíbulas e orações desconexas

Me esconda no fascínio dos teus olhos de peixe

Contemple o espírito da década

Enquanto me faz refúgio dos teus pares

Enquanto me raspa ferida com colheres de prata

Envelhecido, adoto novos fonemas e novas cores

Quem derrama o perfume da ferrugem

Em uma borrifada apressada e violenta?

Não chorem mais, viúvas de vidraças

Está urgindo o tempo da primavera-revolta

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 06/11/2021
Código do texto: T7379953
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