Solstício
Meu nome fora célebre
Entre tuas feras e comícios
Institivamente concebendo Cérbero
Ansiando deslizes morais
Meu bem, eu lhe digo:
Eu sou inapropriado
Afasta-me de todos os teus filhos
Eu sou seu veneno e o antídoto deles
Meu corpo fora o imaginário
Teu temor reciclável
Mesmo que esteja diluído
Nas águas turvas do espírito confortável
Tampouco sou invenção
Eu sou reação violenta
Às tuas óperas de obsessões
Cantando à bestas sexo e pólvora
Me procuras nas horas mais infernais
Me recriando à imagem de Lilith
Com tal zelo, para expurgar-me
Para fora dos teus verões amenos
O que antes era amargura, hoje deleite
O que antes era provocação
Reinava mandíbulas e orações desconexas
Me esconda no fascínio dos teus olhos de peixe
Contemple o espírito da década
Enquanto me faz refúgio dos teus pares
Enquanto me raspa ferida com colheres de prata
Envelhecido, adoto novos fonemas e novas cores
Quem derrama o perfume da ferrugem
Em uma borrifada apressada e violenta?
Não chorem mais, viúvas de vidraças
Está urgindo o tempo da primavera-revolta