O CAVALO TAMBOR CAP 8
O CAVALO TAMBOR
Capítulo Oito – 5 out 2021
É até preciso calcular qual valentia
foi necessária para aguentar o abraço!
Mas de temor sem mostrar o menor traço,
o Coronel toda a armação logo descia!...
“Era disso que vocês tinham tanto medo?”
Gritou ele, com a mais pérfida linguagem.
Sem dúvida, o espetáculo era selvagem,
Mas ninguém ria, temendo algum degredo!
O comandante jogou o esqueleto no chão,
que ainda montado, continuou empilhadinho!
Alguém não pôde mais conter o seu risinho
E o gargalhar se espalhou sem contenção!
Depois de tudo, o Coronel até sorriu:
como punir a tantos oficiais?
O Subtenente, com ares bem marciais,
continência lhe bateu e então pediu:
“Permissão para retirar este esqueleto!”
“Agarre logo e o leve para o inferno!
E o acompanhe nesse castigo eterno!”
“Sim, Coronel!” – respondeu, seu rosto quieto.
Colocou os pobres ossos sobre a sela
e os carregou para seu alojamento;
o Coronel insultou todo o Regimento,
“Jamais encontrei poltroneria paralela!”
Ameaçou até submeter a tropa inteira
a Corte Marcial, a dissolver o Regimento,
castigar toda a unidade em tal momento,
como um exemplo que nunca se esquecera!
E cada vez que chegavam mais soldados,
exaustos e ainda mortos de vergonha,
o Coronel os destratava com tal ronha,
que a todos deixava embasbacados!
E declarou que faria abrir inquérito,
que o Regimento seria mesmo dizimado,
como faziam os Romanos no passado,
chamar recrutas que tivessem maior mérito!
Mas finalmente, o oficial substituto,
com graduação de Tenente-Coronel,
a uma parte retirada do quartel
o conduziu, com uma espressão de luto!