Versos Indefinidos nº368

Expurgado de tuas entranhas

Após sentir deus nos lábios

Amaldiçoe-me em cada mancha do teu lençol

Beba de minha saliva enferrujada

Eu sou lar, bordel e escombro

Recebo-te através de tuas intenções

Senhor, pode me dar um misto dos três?

Mas é claro, temos a melhor experiência do mercado

Monólogo entre os dentes,

Barrado por agentes sanitários

Vitória pedante do cacto

Negada três vezes no calcanhar

O teu teatro é o terror de todos

O que esperar da inoportuna cólera?

Trago teu trabalhos atmosfera ópera

Nua, comemorada frente à poças de lágrimas

Diálogos embriagados:

Minha mesquinhez pôde salvar anjos

Enquanto os mesmos, faziam de meu corpo descoberta

Me penhorando à quinquilharias do quinhentismo

Os belos campos de flores eram elétricos

E eu pude ver-me invencível nos idiomas de tomadas

Eu sugando a tua cor artificial de filtros feito um vampiro

Feito um defeito, um desafeto ou uma vaidade indigesta

Me entrego aos sobreviventes do meu desejo

Quem atreve-se a perder tempo comigo outra vez

Merece todo aquele meu amor involuntário

Onde só danças sexuais e caninos de lobos podem coexistir

E quando pensar que os pesares passaram

Eu hei de voltar, cantando alto em teus olhos

Vai rezar pela minha volta, vai implorar pela minha nudez

Mas meu bem, eu já me transmutei em ausência há tempos...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 29/10/2021
Código do texto: T7374431
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