Na Catedral
Na catedral de minhas lembranças,
vagam na saudade os anjos sombrios
que tenho sonhado na minha vida;
no fundo dos imensos salões frios,
sinto um som celestial tocando na alma,
é uma fada gótica da canto choroso,
sua música envolve todos os fantasmas,
que passam a flutuar no éter vaporoso.
Nesta brumosa construção de gelo,
onde estão presos os meus vagos
sentimentos:solidão,saudade e tristeza;
lá embaixo há profundos lagos
cheio das lágrimas que choramos
pela nossa existência melancólica e dura;
espalhadas pela antecâmara,dez mil velas
queimam meu ódio,desespero e amargura.
Os espectros ficam deslizando neste espaço,
numa coreografia que lembra danças,
e a saudade transborda com esperanças mortas,
na catedral de minhas lembranças...
Angelus Blondet