De Lírios
Nadando em campos celestiais
como um espectro,deslizo no espaço
gravitando nas vaporosas sombras,
ao meu redor vagam flores roxas
cintilantes,estrelas cristalizadas,
nuvens gelatinosas me envolvem,
sob uma chuva de diamantes multicores,
com se fossem lágrimas de anjos,
meu corpo gira em todas as direções,
as nuvens parecem um tobogã
que escorrego em velocidade infinita
num longo vôo mergulhando no oceano
verde de minhas ilusões dilaceradas,
estou molhado de loucura,passam
os peixes fosforescentes da fantasia
cardumes que lembram nuvens azuis,
uma baleia branca das saudades colossais
cresce em minha direção,sou engolido,
sufocado vejo tudo avermelhado,
fico todo envolvido de gosma
no estômago envolto de escuridão;
súbito,sou expelido por um forte
jato espumante que me joga para as
alturas e volto a flutuar no etéreo
do espaço infinito como uma pluma,
um sombra,quicando,flutuando,sobre
o astros,cometas,meteoros
incandescentes... de repente...
Estou descendo muito rápido!
Estranha sensação de queda livre
o corpo rasgando a atmosfera
caindo,mergulhando furando
o céu,me sinto uma flecha
não consigo parar,já posso
ver lá embaixo um campo imenso
todo florido de lírios negros,
se aproxima como um trem em
alta velocidade,acho que vou morrer
espatifado,está chegando a hora
sinto o cheiro das flores negras,
Não!! Não!! vou bater!!
ACORDEI ! Vejo meu quarto sombrio
escuridão total, a realidade morta,
na cama ainda assustado sinto frio,
de volta às misérias alguém abre a porta...
angelus blondet
fim da primeira parte