Numa nuvem de borboletas negras espessa
Numa nuvem de borboletas negras espessa,
descem-me ódios e amarguras dos pés a cabeça,
como uma cortina verde de moscas varejeiras,
a mágoa me envolve me veladas bicheiras;
um sentimento que parece formigas vermelhas,
fervendo sombras no meu coração em centelhas;
meus rancores me espetam e furam como agulhas,
saindo tristezas de chamas radiosas em fagulhas,
escorre melancolia pelos olhos em lágrimas de luz,
e feridas de saudade por todo corpo expelindo pus.
para Paul Verlaine