Diário da alma

Querido diário

Ontem estava relembrando

Chorei por algum tempo

Lavei o rosto e aqui estamos.

Sabia que escrevo sorrindo

Mesmo com o coração sangrando?

Eu cansei de não ser ouvida, sabe?

A solidão me ensinou a sobreviver sem você.

Você que me ler me entende,

Ou vai me apontar também?

Escondi sentimentos e não foi por fraqueza

Mas por excesso de decepções, meu bem.

Ensaiei sorrisos

Carreguei dores que não eram minhas

Não deu tempo de esperar o meu momento

Eu sei como é ter que amadurecer antes do tempo.

Rabisquei versos

Escrevia e apagava

Manchei muitas minhas páginas com lágrimas

E no final, minhas dores viraram poesias.

Você sente as dores que saem desse poema?

Você sente as tristezas que uma garota carregava sozinha?

Você sabe como é você querer falar

E ninguém prestar atenção em ti?

Você sabe, não é?

Eu sei que sim.

Minha alma me ensinou a refletir

Eu me tornei poetisa

Escritora que escreve o que sente

“Uma verdadeira aprendiz da vida”

Olha só como é bonito esse verso acima.

Se meu quarto falasse

Ele reclamaria dos gritos que dei nas madrugadas.

Eu não estou triste,

Mas é como diz a Clarice Lispector:

“Eu estou apenas cansada.”

Querido diário,

Hoje eu escrevo a palavra “perdão”

Eu quero me perdoar

Por transbordar amor em quem

Só me fazia derramar lágrimas.

Rafael Silvaa
Enviado por Rafael Silvaa em 21/08/2021
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