Ode ao Vampiro
Adentraste em meu corpo doentio,
Fizeste arder o coração febril,
Tão mais do que fez qualquer outra amada!
Íncubo, cujas garras e presas são a loução,
Me encantou com teu feitiço ébrio,
Enlaçando minh'alma como um cão,
Fazendo florir cravos no coração estéril!
Ama-me loucamente, como se eu fosse morrer!
Aperta meu pescoço com desejo assassino,
Me morde! me arranha e rasga, pode me bater!
Me devora o corpo e a alma com teu torpor de lupino!
Realiza comigo teus desejos mais mórbidos!
Me possua, vampiro, beba e coma do sangue meu.
Enquanto geme meu nome no meu ouvido,
Enquanto, vociferando digo, ser totalmente teu!
Como Madalena beijou o Cristo condenado,
Beija-me até caírem meus lábios apaixonados!
Até o coração enfermo parar de bater,
Beija-me até a morte, vampiro, me beije até morrer!
Despedaça-me violentamente, com teu amor canibal.
Torna-me também Vampiro, ó vampiro meu!
Me fode no mausoléu, em teu solo sepulcral.
Que eu morra gozando em tua face, caro Himeneu!
Coroa minha morte afrodisíaca, meu homem,
Coroa-me com tuas Flores da Maldade.
Para que eu renasça do inferno, do além!
Para que eu possa te amar
por toda a nossa eternidade!