O Poema do Morto

No caixão putrefato vou ficar

no ritmo da terra no corpo,

o ditirambo da inércia, matar.

Coveiro consolando o morto,

da funéria sombra etérea,

o divino esqueceu o cadáver

quando deu fruto a matéria;

Mornou a água do precaver,

ignorou as súplicas do filho

do fatídico Cristo-martírio.

Eu deveria sair do mausoléu,

mas, deixei os vermes no fel.

Caminhar no ritmo que a terra

sucumbiu minha veste férrea;

Coagir meu coração a bater

na força de bomba a crescer.

O segmento do meu crânio

quebra justaposto ao ânimo:

o sentimento de persistência

soterrado na clemência.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 06/08/2021
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