Fuga
Na imensa floresta...
Uivavam os lobos e os ventos;
A névoa era grossa e fria como navalha.
A escuridão quase podia-se tocar.
Corria eu às pressas,
Fugindo dos que há tempo me perseguiam.
Sentia sob meus pés descalços
As folhas secas
Despedaçando-se com o impacto, enquanto fugia...
Não importava o quanto corria...
Eles estavam sempre próximos a mim.
E os escondidos
Pareciam me rodear um passo à frente.
A densa floresta envolta no breu espesso,
Não mostrava nenhuma saída,
Para alguma cidade ou vilarejo...
Uma estrada que fosse.
Não importava o quanto corria...
Eles estavam sempre próximos a mim.
O coração batia saltitante...
O suor escorria sobre a minha pálida face.
Paro de repente, cansado.
Aguardo alguns instantes,
Para que me alcançassem e dessem fim ao meu sufoco.
Começo a observar.
Tudo de repente estava quieto.
Olho para os lados e para trás...
Onde estão os que me perseguiam?
Por onde andavam a melancolia e a depressão?
O ódio? A raiva...
Não me perseguiram até aqui?
Por que não continuaram?
Olho para cima e todos
Caem das copas das árvores
Sobre mim.
E me amarraram...
E me apunhalaram.
Arrancaram meu coração e o serviram aos corvos.
No dia seguinte, sob o sol fraco da manhã,
Ainda com vestígios da alvorada...
Caçadores e a polícia...
Jornalistas e emissoras de TV
Olhavam para o alto.
Admiravam o meu corpo por uma corda pendurado.