Cigarras Amam, Hienas Não Esquecem

Toda a prataria que cintila

Todo o corpo oco que se choca

Entre mesas de madeira refinada

Amolecem a realidade dos meus dias

A enorme fila de corações atribulados

Prestando tributos aos companheiros passados

Afiando suas virilhas, antes que sucumbam em auto piedade

Banham os lábios em toda a vestimenta afrodisíaca

Afogue tua interpretação banal

Em alguma fantasia do teu ego

O sotaque esterlino doma-te

O que lhe falta era a oportunidade

A paz do romance, meu futuro desprezo

Te quero tanto, por isso não lhe tiro os olhos

Lhe apresento o temor, o mantra e o cortejo

Todas estas persona prensadas embaixo do carma de zinco

Nada mudará no teu tempo, nada nascerá do teu peito

O intuito, será tu confrontar teus próprios tumultos

Aprenderá tudo sobre a solidão, antes de ofertar abrigo

E nada eu posso fazer para te livrar disso, chegaste aí por teu esforço

O desconforto de via única

Professa seu sonho lúcido

O menino lobo, a menina escorpião

Mortos no asfalto, comunhão de formigas e descaso

A mansidão da pele de marfim

Traficada como a besta de tua busca

A carícia que tivera toda a posse

Ainda era a invenção rasa da ausência

E ainda era pecado, mesmo que celebrado por todos

E ainda era afronta, mesmo que os pares se esvaíssem

E ainda era engano, mesmo que cheirasse a primavera

E ainda era violência, mesmo que fosse pedido, hienas não esquecem…