Mar mental III
Desabando lentamente
Confortando muita gente
Gritando constantemente
Abraçando pessoas que nunca vi
Transcrevendo sentimentos que doem até em mim.
Deitado em um chão frio
Rodeado de poemas
Escreva o que sente?
Escrevi um poema
Passei um traço
Rabisquei as palavras
Enquanto a minha alma se afogava
Nos meus pensamentos diários.
Por que você sorri enquanto chora?
Porque se eu parar
Eu vou me perder no caminho.
Mulheres caminham com os corações
Em pedaços e outras em reconstrução.
Corpos lutam diariamente para esquecer
O que a sua alma já registrou há muito tempo.
Encarava os meus textos buscando respostas
E era afogado com uma chuva de perguntas.
Eu cansei de fugir
Eu aceitei o que eu escrevi
Eu aceitei as dores que existiam em mim
Eu aceitei que as poesias salvam vidas
Inclusive, a minha também.
Ela usa as suas dores
Para reconstruir os pedaços do coração de alguém.
Ela não escreve por escrever
Mas sim porque precisa colocar para fora
Tudo aquilo que a sua alma sente.
Maquiagens foram borradas
Porque as decepções marcam a gente
O meu ser foi reescrito
A base de lágrimas e sorrisos.
O meu ser foi condenado
A escrever o que sente
Até que o corpo não consiga se mexer mais.
Tem dias que queremos caminhar
Mas tem dias que queremos sumir
Tem dias que escrevemos para aconselhar
Mas tem dias que escrevemos para desabar
Meus escritos gritam
Meus versos transmitem mensagens
Muitos me leem
Mas são poucos que possuem coragem de comentar.
Porque o que atravessa a nossa alma
Nos deixa completamente sem palavras.