LII - A Possessão de Maria - Ethos de uma Alma Invertida
O demônio que possuiu
Teu corpo não ansiava
Tua imaculada alma viva.
O demônio que sussurrou
Ofidicamente em teus ouvidos,
Em lugar da habitual blasfêmia,
Dizia-lhe versos de amor na
Antiga língua dos anjos.
O demônio que deitou
Sobre teu corpo de seios pequenos,
Pernas bem feitas e monte lis,
Abriu mão do seu céu de
Inocência e pureza para
Devorar a mortalidade humana.
O demônio, que doeu-se
Pelo seu apetite infernal,
Deixou uma rosa negra
Sobre o monte desnudo
E em sigilos antigos escreveu:
"Bebi do Vinho de Aluqah
E o Yod penetrou a terra.
Desta profana união,
Brotará uma legião.
Ao destino desta alma
Maculada, à quem eu
Entreguei a Serpente Inflamada,
Deixo esta rosa oscura,
Cuja beleza taciturna
É vistosa somente aos
Olhos inumanos.
Deixo-te esta rosa negra
Beleza única como tu,
Para que pereça junto
À tua carne e para que
De mim nunca te esqueças."