XLII - Mist - Ethos de uma Alma Invertida
I- À meia-noite
Como uma bruma,
Em sua janela eu
Adentrei e, a seu
Lado, de pé me coloquei.
No profundo de seu sono,
Emergiu em seu rosto
A figura de um anjo
Repousando em seu leito
Celestial de nuvens brancas.
E eu, de presas agudas
E olhos reluzentes, não
Contente em ver e contemplar
- Ah, Verme profanador! -
Também desejei entrar
Em teu corpo inerte.
Com dois faróis
- Глаза ангела -
Fitou meus olhos,
Púrpura como o rio dos mortos,
E seu corpo estremeceu.
II- Não há, em mim,
Uma só fibra de
Culpa ou remorso,
Pois sou filho da Lua.
Minha luz é fria
Como a de minha
Mãe e meu encanto
Reside em minha luz,
Assim como minha mãe.
III- Pairei sobre o seu corpo,
Admirei o rubor de
Sua face - ангел - e
O suspiro de sua boca
Quando minha língua
Correu-lhe o pescoço.
Os braços abriram-se
Como um Cristo na cruz
E um sorriso desenhou-se
Entre as róseas maçãs.
A vida lhe fluiu em goles
Quando, em um ato de amor,
Lancei-me sobre ti e sobre
A tua pálida garganta.
IV- Num sibilar oriundo de
Minha boca morta e voraz,
- Após minha língua pousar
Em tua imaculada vergonha-
Tuas coxa se afastaram
E o sangue tomou-lhe
Por inteiro, sem degradês,
O corpo pulsante e vivo.
V- O calor de sua vida
Recebeu, com carinho,
O beijo do Devorador.
Apossei-me de ti e dei-lhe,
Em troca pelo calor de
Tua valiosa vida
O frio da minha morte.
VI- O róseo cobriu-se
De branco quando,
Sem mais forças,
Entregou-me sua vida
E o celeste de seus olhos
Cobriu-se com o manto
Da serenidade do Devorador.