A FLOR CADÁVER
Na lagoa de turvas brumas
flutuava o espectro da lua
espargiu o plissado cálice
a flor cadáver seu espádice
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As mórbidas espartas violáceas
expelindo essências putrefatas
sombrias, taciturnas auréolas
mortalha purpúrea malévola
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O vento címbalos e adufes
se faziam seus cúmplices
soprando o extrato da morte
nas negras sedas da noite
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Sob o olhar das árvores umbrosas
de cálidas estangas assombrosas
na névoa do odor fétido
arapuca horrífica dos insetos
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Recolheu as fúscias espádulas
em suspiros como os das almas
adormeceu o espírito solitária
envolta em sua urna sacrária
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E a última refutada aranha
repugnou de suas entranhas
tísica múmia, refugo
mofar no jazigo dos musgos
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As formigas coveiras
profanaram a caveira
ceia macabra, canibal
expurgada da flor do mal
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