A glória de Orfeu

Quando nosso espírito está abatido ou triste

E nada ao nosso redor parece nos fazer bem.

Uma das melhores coisa que para mim existe.

É ouvir músicas e às vezes cantá-las também.

Engana-se aquele que ingenuamente pensa.

Que a música é entretenimento usado em festa.

A história da música a esse equívoco dispensa.

Ao passo que esclarece esse pensamento besta.

E para provar o que aqui sobre ela vos falo.

Vou contar-lhe agora uma belíssima história.

Que da música traz seu fiel enredo de embalo.

E somente por ela jamais perderá sua glória.

É a história do Glorioso músico grego Orfeu.

Filho da Ninfa Calíope e o Grande Deus Apolo.

Este último, de presente a Lira mágica lhe deu.

E nela Orfeu aprendeu a tocar o mais belo solo.

Orfeu se tornou um músico de grandioso talento.

Com sua melodia encantava os homens e as feras.

Mas quis o destino impor-lhe grande sofrimento.

E a sua triste história de amor atravessou as eras.

Pela bela Eurídice o jovem músico se afeiçoou.

E pelo poderoso Himeneu, o Deus do matrimônio.

A união dos dois esposos logo se fez e abençoou.

Mas o Daímon cruel logo interviu, o vulgo demônio.

Por sua beleza Eurídice atraiu o perverso Aristeu.

E tentando fugir do assédio lascivo e da vil atenção.

A jovem esposa procurou esconder-se e dele correu.

Mas haveria de encontrar a morte nessa perseguição.

Correndo para escapar daquele asqueroso destino.

Eurídice esbarrou na serpente e por ela foi ofendida.

E ao ver que foi o causador do mais infeliz desatino.

O covarde Aristeu fugiu ao ver a jovem ali sem vida.

Quando o jovem Orfeu soube do fato ocorrido.

Entrou em desespero e foi incapaz de entender.

Porquê sua bela esposa tão cedo havia morrido.

E fez de tudo pra aquela morte tentar reverter.

Foi ter com os vivos e também com os imortais.

Mas ninguém poderia ou saberia naquilo ajudar.

Decide ir ao submundo e atravessar os umbrais.

E diante do Deus Hades, por sua amada implorar.

Esse feito era impossível a qualquer um mortal.

Mas o corajoso Orfeu já estava pronto e decidido.

Segue viagem tocando sua Lira num belo ritmal.

Espalha a doce e triste melodia do coração ferido.

Sua triste música convence Caronte, o barqueiro.

A levá-lo pelo Rio Estige até em frente o portal.

Onde encontra o cão Cérbero, o atento porteiro.

Que também entorpece com o belo som musical.

A doce Lira acalma as almas dos atormentados.

E assim Orfeu vai adentrando no mundo sombrio.

E diante de um Hades, surpreso e já contrariado.

O destemido jovem apela, mas o Deus é cruel e frio.

Mas sua bela música ao Deus dos mortos enternece.

E da sua esposa Perséfone também rouba a simpatia.

E junto o marido pelo belo flautista a Deusa intercede.

E este comovido perdoa o jovem pela sua ousadia.

Permite que o amante resgate a sua bela consorte.

Mas para isso impôs ao mesmo uma difícil condição.

Para resgatar sua amada esposa do reino da morte.

Ele teria que humilhar-se mostrando-lhe submissão.

Devia obedecê-lo e nele demonstrar total confiança.

E nem por um instante a bela jovem Eurídice olhar.

Até que a mesma conquistasse da vida a pujança.

E que nem mesmo um Deus conseguisse a tomar.

Ambos teriam que atravessar o túnel obscuro.

Do mundo dos mortos até o universo dos vivos.

Sem se fitarem até vencerem o agourento escuro.

E rever finalmente o brilho do sol, tão convidativo.

Mas na sua aflição de rever aquela bela face.

E contemplar seu grande amor de volta à vida.

Fez Orfeu desobedecer e curioso então voltar-se.

Para vê-la quando já estavam chegando a saída.

De repente Orfeu vê Eurídice se desvanecendo.

Restando só o seu espectro ficando transparente.

O jovem prostrado em lágrimas vai se desfazendo.

E ali ficou dias sem comer nem olhar para frente.

As Mênades vendo a grande dor do belo Orfeu.

Quiseram ao viril jovem servir e também consolar.

Mas o músico inerte não as olhou e nem atendeu.

E elas por vingança resolveram então ali o matar.

Retalharam seu corpo em vários fragmentos.

E junto com a cabeça no Rio Hebrus os jogaram.

Enquanto a face de Orfeu flutuava em tormentos.

Ouvia-se o canto: Eurídice! Eurídice! E elas choraram.

Arrependidas as tristes Mênades reuniram as partes.

Do corpo do músico e perto do Olimpo as enterraram.

Dizem que os rouxinóis daquele belo Monte, destartes.

Se tornaram os melhores que por ali um dia cantaram.

E as nove musas foram então logo bem castigadas.

Pelos deuses que viram nelas as cruéis assassinas.

E as transformaram em Carvalhos de raízes fixadas.

Sendo esta então, por séculos, suas tristes sinas.

E do Grande Orfeu nos resta essa bela história.

Que a música exalta contando a saga do amor.

Que se não fosse por ela não teria tido tal glória.

Ainda que nela tenha cantado a sua grande dor.

Agora que todos já conhecem o maravilhoso mito.

Irão concordar com o que antes eu estava dizendo.

Que a música faz bem a alma humana, eu acredito.

Em todos os momentos, se esteja feliz ou sofrendo.

Adriribeiro/@adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 12/10/2020
Reeditado em 14/10/2020
Código do texto: T7086010
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