A vermelha fênix noturna

O vento

O frio vento noturno

O vento acolhe

O ar acalanta

A noite a toca

A brisa

A brisa a ama.

Da calmaria à tempestade

É no escuro noturno onde se refugia.

É ali, de onde o mundo foge ou para onde o mundo foge

Em que está acolhida

À vontade

Aceita

Mesmo arisca,

Amada

Possuída e possuidora

É onde mora, enfim.

Onde aprecia morar

Onde enfim descansa.

À noite nenhum fingimento

À noite onde tudo é leve,

Bonito

A noite.

À noite quando os olhos são fechados.

Quando podem fechar-se

Devem fechar-se

No entanto, fecham-se por prazer e não por obrigação

Fecham-se pela brisa que lhes visitam

Fecham-se à sentí-la

Fecham-se à lembrá-la

Fecham-se à morrer-se

E morrer-se em prazer

Morrer-se em deleite.

Morrer-se como a fênix

A vermelha fênix que morre para renascer após as cinzas

A maldita fênix que morre às noites e renasce pelas manhãs

Mas renasce à esperança de que logo possa morrer mais uma vez

Morrer aos negros braços noturnos

Morrer àquilo que ama

Morrer ao que lhe acolhe

Morrer ao que lhe aclama, lhe possui.

Que possa todas, todas as noites a vermelha fênix entregar-se aos braços da morte.

Da morte que tanto ama.

Lunaccan
Enviado por Lunaccan em 22/08/2020
Código do texto: T7043625
Classificação de conteúdo: seguro