A vermelha fênix noturna
O vento
O frio vento noturno
O vento acolhe
O ar acalanta
A noite a toca
A brisa
A brisa a ama.
Da calmaria à tempestade
É no escuro noturno onde se refugia.
É ali, de onde o mundo foge ou para onde o mundo foge
Em que está acolhida
À vontade
Aceita
Mesmo arisca,
Amada
Possuída e possuidora
É onde mora, enfim.
Onde aprecia morar
Onde enfim descansa.
À noite nenhum fingimento
À noite onde tudo é leve,
Bonito
A noite.
À noite quando os olhos são fechados.
Quando podem fechar-se
Devem fechar-se
No entanto, fecham-se por prazer e não por obrigação
Fecham-se pela brisa que lhes visitam
Fecham-se à sentí-la
Fecham-se à lembrá-la
Fecham-se à morrer-se
E morrer-se em prazer
Morrer-se em deleite.
Morrer-se como a fênix
A vermelha fênix que morre para renascer após as cinzas
A maldita fênix que morre às noites e renasce pelas manhãs
Mas renasce à esperança de que logo possa morrer mais uma vez
Morrer aos negros braços noturnos
Morrer àquilo que ama
Morrer ao que lhe acolhe
Morrer ao que lhe aclama, lhe possui.
Que possa todas, todas as noites a vermelha fênix entregar-se aos braços da morte.
Da morte que tanto ama.