Especiarias
O cheiro da canela
Da erva doce
Da fumaça que tanto amava
Tudo permeava, tudo perfumava
Tudo assombrava.
Amava, aprazerava.
Tudo lhe recordava
O que? Não lembrava
Mas àquelas noites seus sentidos afloravam...
Entre músicas, entre cheiros
Lembranças
Memórias de dias que não lembrava
Cheiros que não sentira, beijos que não beijara
Mas aqueles cheiros, aqueles ventos, aquelas notas
Àquela noite
Aquela noite, onde a realidade se confundia às lembranças do que não vivera
Aquela noite onde a realidade não havia
Onde a realidade não era relevante
A realidade não existia.
Apenas ela
Ela sozinha.
Ela e suas lembranças
Lembranças que não haviam
Lembranças que não sentiam
Mas os cheiros...
A erva doce
A canela
O vento da noite...
Não apenas sentia
Vivia
Pertencia
Dela era e eram dela
E ninguém,
Ninguém
Poderia dizer que não eram.
Quem diria?