MIRTES E A VOZ DO DIABO V

Esta luta voraz crescendo

Vivendo pra nascer de novo

precisa sair perturbada

irrompida diversa e bruta

da sombra do que foi ontem

a noite vai restar o sonho

dos outros na imagem do

sonho destes outros na

línguagem do que é santo

O encanto do sol morre

O drama da lua morre

A chuva termina no sol

vestindo nuvens no outro

dia quando desce o véu

e fica nua pra sempre

Sem vestígios sem os

esguios cansados eles

Estavam dormindo...

Agora ela está sozinha

Agora ela é a mística

pedra esverdeada do lago

perdida de rochas partidas

De rochas mulas de visco

os olhos se perdem ali

mesmo no limo dependurado

próximo a caverna na mata

que fecha os olhos pelos

lados obscuros adentro

brilho de busca há um

teatro de morcegos saindo

Há vermes devorando seus pés

Agora ela pode desejar

ser minha vítima correndo

de medo abrindo o segredo

da alma vítima do medo

que conhece o fim dos corpos

Suas mãos apertam as cruzes

no pequeno dorso claro

como vermelho de sangue

da cor transparente do corpo

Posso ver meu demônio

pulsar na gravidez prematura

Quero sentir o gosto do

destino na nova estrada do

caos que permite minha

entrada na eternidade

Vou soprar ventos no ouvido

alheio quando ela morar

no seio que ficou perdido...