Canto a solidão
Salta, pinga, rola.
No canto a prata.
No centro a dor.
No alto o azul, do lado a saudade.
Nos pés o chão.
No peito a mão.
Na boca o ressábio... Do último beijo.
No corpo, ainda o desejo.
Na vida a valsa.
No rio a balsa
atravessa e leva;
vai e vem.
Seria ponte entre nós.
No fim a muralha.
O cansaço avança,
o pudor se nega.
No peito, crava a lança.
A queda concebe,
o espúrio se julga nobre,
a cortina que fere, já cobre.
Uma réstia de luz invade
um rosto, pinga a prata,
rola no canto,
fica na boca para a palavra,
para a queda, para o raio.
No fim da chuva,
a tua imagem molhada fica no poço,
no alto do azul, solta a vida,
se debruça no centro do peito
que pinga, salta e rola...
Para o eterno fim.
"Daniela, por gratidão essa página é sua . Rio 14/12/2023"