Natura


Sou caminho, sou a vida, 
às vezes, atalho, estrada empoeirada.
Sou dor, desamor, desencontro, madrugada.
Sou caminho, sou vida,
refloresço, troco as folhas,
visto de branco a montanha,
de grinalda a doce noiva.
Sou amor que solta da entranha,
fonte cristalina que banha a campina.
Sou verão, outono, frio de inverno,
primavera do amor no seio da menina.
Sou vida, sou caminho,
morte sem endereço, razão sem recado,
parte do caminho, fenecer não é pecado.
Sou delícia, sou manhã,
sol do ciclo vegetativo,
Fica a noite furtiva,
raio no sereno, na evaporação, morro.
Retorno ao céu velando o povo,
a natureza bem criada.
Sou caminho, sou vida,
lenço branco, adeus, despedida,
na estrada sem rumo, vazia.
Sou sonho, alimento,
embalando o berço dos menos afortunados,
pelos bens sucedidos.
Raramente sou chamado.
Quase um desconhecido.
Sou caminho, sou vida
na trilha abandonada,
princípio de uma vida,
começo de um novo mundo.
Sou caminho, sou vida.
Posso ser, vou ser a fé,
sua maldade, sua descrença.
Quem sabe, posso ser até
o renascer ou a morte de uma criança.
Pense e me procure para saber quem sou.
Quem sou, além de ser o caminhar, a vida.