SOMBRA.
A sombra esguia, que lentamente no calabouço se movia,
Na escuridão profunda do antigo túnel de tijolos,
Na água suja que escorria, pequenos aracnídeos no pescoço,
De repente, a sombra parou, cheio de medo estático fiquei,
O único som presente era da água gotejando ligeira,
Parei.
Tênue visão, ela parou,
Na minha alma o medo serpenteia,
A sombra agigantou-se em um instante, medo,
Seria um demônio, bicho, mera criação da mente,
Funesta sombra que pela escuridão vagueia,
Andei.
Pequenos passos ao acaso, incerteza, horror,
A sombra esguia escondeu-de no calabouço,
Foi neste instante que escutei, terrível grunhido,
Inenarrável som que ecoou tão fantasmagórico,
Sombra.
Sim, o tão temível monstro que minutos antes pareceu,
Mostrou-se na frouxa luz após manso miado,
Cauda negra a balançar, suspirei aliviado,
Era um felino de olhos brilhantes,
No mesmo instante correu,
Uma sombra que no negrume do véu desapareceu.