SOMBRA.

A sombra esguia, que lentamente no calabouço se movia,

Na escuridão profunda do antigo túnel de tijolos,

Na água suja que escorria, pequenos aracnídeos no pescoço,

De repente, a sombra parou, cheio de medo estático fiquei,

O único som presente era da água gotejando ligeira,

Parei.

Tênue visão, ela parou,

Na minha alma o medo serpenteia,

A sombra agigantou-se em um instante, medo,

Seria um demônio, bicho, mera criação da mente,

Funesta sombra que pela escuridão vagueia,

Andei.

Pequenos passos ao acaso, incerteza, horror,

A sombra esguia escondeu-de no calabouço,

Foi neste instante que escutei, terrível grunhido,

Inenarrável som que ecoou tão fantasmagórico,

Sombra.

Sim, o tão temível monstro que minutos antes pareceu,

Mostrou-se na frouxa luz após manso miado,

Cauda negra a balançar, suspirei aliviado,

Era um felino de olhos brilhantes,

No mesmo instante correu,

Uma sombra que no negrume do véu desapareceu.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 22/07/2020
Reeditado em 22/07/2020
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