Lago seco
Sentia-me oco e seco por dentro
A água da vida havia me abandonado
E o meu coração em grande sofrimento
Triste, recusou-se a bater por um momento
Senti o cansaço e o peso enorme da vida
Prostrado no chão fundo do esquecimento
Minha vida toda havia sido envolvida
No mais puro inferno, meu pior momento
E nada mais conseguia sentir no peito
Nenhuma emoção ou sensação de calor
Com o corpo curvado e jogado no leito
Não lembrava o significado do amor
Tentei levantar, estendendo os braços
Agarrei-me a uma pequena corrente de ar
Juntei tudo que tinha, uni meus pedaços
A vida persistente não queria me abandonar
E com todas as forças busquei o calor
Queria que meu corpo voltasse a ser aquecido
E quando realmente lembrei do amor
De alguma forma a dor havia desaparecido
Levantei-me com grande esforço e vitalidade
Deixei a cama com toda energia que podia
Abri meus olhos e fui agraciado com a verdade
Sabia que mesmo triste, amargurado sobreviveria
E as lágrimas voltaram aos meus olhos cansados
O gosto de sal nos meus secos lábios tocaram
O choro ingênuo trouxe sentimentos esperados
E me lembrei com tristeza de todos que me abandonaram
Tentando preencher o vazio que ainda sentia
Levantei-me louco, distante da cama fria
Se não era possível sentir um pouco de alegria
Pois pelo menos em meu peito sua presença estaria