Lago seco

Sentia-me oco e seco por dentro

A água da vida havia me abandonado

E o meu coração em grande sofrimento

Triste, recusou-se a bater por um momento

Senti o cansaço e o peso enorme da vida

Prostrado no chão fundo do esquecimento

Minha vida toda havia sido envolvida

No mais puro inferno, meu pior momento

E nada mais conseguia sentir no peito

Nenhuma emoção ou sensação de calor

Com o corpo curvado e jogado no leito

Não lembrava o significado do amor

Tentei levantar, estendendo os braços

Agarrei-me a uma pequena corrente de ar

Juntei tudo que tinha, uni meus pedaços

A vida persistente não queria me abandonar

E com todas as forças busquei o calor

Queria que meu corpo voltasse a ser aquecido

E quando realmente lembrei do amor

De alguma forma a dor havia desaparecido

Levantei-me com grande esforço e vitalidade

Deixei a cama com toda energia que podia

Abri meus olhos e fui agraciado com a verdade

Sabia que mesmo triste, amargurado sobreviveria

E as lágrimas voltaram aos meus olhos cansados

O gosto de sal nos meus secos lábios tocaram

O choro ingênuo trouxe sentimentos esperados

E me lembrei com tristeza de todos que me abandonaram

Tentando preencher o vazio que ainda sentia

Levantei-me louco, distante da cama fria

Se não era possível sentir um pouco de alegria

Pois pelo menos em meu peito sua presença estaria

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 18/07/2020
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