Seu adeus
Eu vi sua entrega na tarde fria
Partiu solitária e em eterna agonia
Nenhuma viva alma lhe sorria
Partiu e já passava de meio dia
O tempo talvez não tivesse importância
O relógio marcava números exatos
Sua partida foi uma luta contra a infância
Pois seus anos formaram quadros abstratos
E quem sua vida acompanhou
Pouco pode entender os seus atos
Com intensidade sempre contemplou
O pecado da exatidão dos fatos
Entedia que viver era uma ciência louca
Os dias, anos ou décadas pouco importava
Mas uma grande verdade lhe escapou da boca
Viver cada dia era o que mais te encantava
E eu vi sua partida com solidão
Afastado da agitação do funeral
Apertado estava meu louco coração
O ir e vir de pessoas era surreal
Após a cerimônia o silêncio chegou
Me aproximei de sua lápide solitária
Um epitáfio curto a vida deixou
Sua morte se fez vida imaginária
Pois ainda vive em minhas lembranças
Será sempre o sinônimo da rebeldia
Já que a última que morre é a esperança
Tanto faz que fosse mais que meio dia
E levou com você tudo que mais amava
Levou alegria, tristeza, razão e loucura
E no coração de quem vivo ficava
Deixou na lembrança sua doçura