FRIEZA NA ALMA E NAS MÃOS
Recuso-me a crer que o frio de minhas mãos
Venha da frieza da minha alma
Nem o sopro abundante que exalo
Aquece a pele latejante e trêmula
O coração pulsa e obriga ao calor que resfolega
Cruzo as mãos sobre o peito
E recebo somente o tato da roupa que aquece
Busco na mente quantas vezes
Minhas mãos se aqueceram por si
Tenho para mim que jamais
E a dúvida persiste a me esquentar a cabeça
É fria minh´alma?
Sei que amo pois me emociono em profusão
Não é suficiente para me isentar de frieza?
Talvez meu corpo seja grande demais
E eu não me assemelhe a um colibri
Mesmo que esfregue as mãos oitenta vezes por segundo
O cansaço rouba a sensação do prazer
Um sangue grosso percorre minhas veias
Já vi tantas vezes sua cor e espessura
Embora desconheça sua temperatura e sabor
Mas está lá circulando e se renovando
(Tem o sangue a natureza dos rios
Onde as águas que passam nunca são as mesmas?)
Posso afirmar apenas que minhas mãos estão brancas e geladas