CORAÇÃO DE POETA
O meu coração é um lago que tem a sua transparência
E ao mesmo tempo é revestido de uma abundância
Onde se pode encontrar toda a verdade
Dos meus motivos e das nuances do meu sofrer
Em dias sem nada de novo debaixo do sol;
Dos meus sonhos inesgotáveis e das sublimes alegrias
Que inesperadamente sobrevém
A respeito de tudo o que almejo de bom.
O meu coração já sangrou profundamente...
O meu coração já chorou no meu tétrico silêncio...
Hoje restam as cicatrizes do que já foi mais lancinante.
Em mim repercute memórias pesadas e noturnas
Que caminham lentamente para inspirar um grito de revolta,
Mas flui nas minhas entranhas, em toda a sua bravura,
As águas primaveris de uma ternura
Que até hoje persevera para nunca evanescer.
Talvez exista no meu íntimo algo que não morre,
Uma centelha imortal que ainda faz a minh'alma sonhar;
Talvez um fôlego eterno de uma esperança invencível
Que surge para afrontar as desoladoras incertezas;
Talvez uma alegria profunda bem abaixo
Das águas negras da dor e de suas reminiscências amargas;
Talvez, enfim, uma luz acalentadora que ainda resplandece
Até nos recantos mais remotos do meu ser interior.