CORAÇÃO DE POETA

O meu coração é um lago que tem a sua transparência

E ao mesmo tempo é revestido de uma abundância

Onde se pode encontrar toda a verdade

Dos meus motivos e das nuances do meu sofrer

Em dias sem nada de novo debaixo do sol;

Dos meus sonhos inesgotáveis e das sublimes alegrias

Que inesperadamente sobrevém

A respeito de tudo o que almejo de bom.

O meu coração já sangrou profundamente...

O meu coração já chorou no meu tétrico silêncio...

Hoje restam as cicatrizes do que já foi mais lancinante.

Em mim repercute memórias pesadas e noturnas

Que caminham lentamente para inspirar um grito de revolta,

Mas flui nas minhas entranhas, em toda a sua bravura,

As águas primaveris de uma ternura

Que até hoje persevera para nunca evanescer.

Talvez exista no meu íntimo algo que não morre,

Uma centelha imortal que ainda faz a minh'alma sonhar;

Talvez um fôlego eterno de uma esperança invencível

Que surge para afrontar as desoladoras incertezas;

Talvez uma alegria profunda bem abaixo

Das águas negras da dor e de suas reminiscências amargas;

Talvez, enfim, uma luz acalentadora que ainda resplandece

Até nos recantos mais remotos do meu ser interior.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 28/04/2020
Reeditado em 29/07/2020
Código do texto: T6931591
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