"INTO THE NIGHT"
“INTO THE NIGHT!”
A noite descerra seu manto.
Túnica dissimulada,
Tecida de uma sordidez vulgar,
Doentia, desumana,
Na parte inferior, pavimento,
Ratos de olhares astutos,
E passos ligeiros, perspicazes,
Devoram restos pútridos,
Quinhão sobrado do banquete antecessor,
Memórias do que foi humano.
Agora, lamentos não mais há,
Nem tampouco se houve...
O retumbar melancólico,
Do bronze nas catedrais,
A fé, órfã, sem aias, (caridade e esperança),
Torna-se mártir da vez.
Onde os relicários,
E as batinas,
Ângelus,
E as ladainhas?
Estamos hoje confinados em mundos pares, díspares,
Porém, tão nossos, presentes, atuais,
Tanto quanto nos permite a terminal lucidez divagar,
Tempos anacrônicos, desiguais.
A noite se aproxima, sorrateiramente, espessa penumbra,
Entre o por do sol e o amanhecer,
Disfarçadas trevas,
Avizinhando-se, célere, inexorável,
Quando se aproxima, densa névoa,
Traz consigo seu séquito, amásias que a adjetivam,
Tornando-a soberana e inquestionável,
Senhora, juíza, carrasca.
Ah, Orbe, mundo infinito!
Retângulo que a janela expõe,
Dor, solidão, desesperança,
Até onde a vista alcança.
Quisera eu desabitar esse interior que ora contemplo, e me jogar,
Para além da persiana,
Transcender essa curva que o horizonte promete, soltar o grito,
Represado, turbilhão de emoções e contidos recalques.
PauloPeterPoeta
Paulo Bonfim Campos
13 / ABRIL / 2018