MIRTES E A ORDEM DO VENTRE - A DIÁSPORA

De luz não foram feitas

estas incertas vidas

que caminham no verde

limo do lado de fora

querendo por amar o frio

descendo até mentir

que o descaso não corrompeu

Não comeu pedaços

do que era verdade !

Do que a carne pode sentir

e vagar por sombras

e leve como ondas desenhar

na muralha do meu castelo

um fim escrito com sangue

Eram belos e vivos no

risco corrente de fogo

De olhos luas da noite

brilho por olharem no altar

minha essência minha fome

de tê-los no breve tempo

de ser o fruto de apenas

um segundo do meu viver

que profundo os toca

pra sempre como alguém

que tenta mastigar um futuro

e comer parte de mim do que vem

a ser de mim a eternidade

e a idade do porvir da fuga

de si do fim que acolheu

está solidão lá fora...

Eu, Lilith , parti o mundo

Parti do fundo escuro

porque o reino não morre

nas fendas do único banquete

de Lúcifer diante do sol

de inverno sobre a montanha

brumada de calafrios e ventos

bravios que assopram pavios

desta luz vinda dos Perdidos

e das ninfas nas cavernas

sobre folhas velhas secas

flores de adorno sobre pedras

oferenda esquecida nas teias

benzidas de orvalho chorado

no silêncio maldito de escombros

da terra onde Pandora quebrou

o vaso que guardava minha

essência ....Agora posso ver

que as lúminas eram falsas

e as barcas inundam no rio

e não chegam ao mar

suas asas depenam no ar

ondem cansam de vagar

querendo viver o vazio mortal!