Noite sombria
Nesses dias de suposta calmaria
Sinto nessas horas mortas
O frio badalar do sino a tocar,
Oco, ranzinza, a carícia desse vírus
A acariciar docemente nosso rosto
E tão sutilmente nos isolar.
Caminhando pelas horas
Até esta angélica noite sombria,
Permanecendo engaiolado
Em meu próprio ninho, sinto na alma
Os funestos sinais dessa carícia que,
Mesmo sem me tocar, corre célere
Em cada canto do mundo,
Levando, silenciosamente, nas mãos
Cada suspiro de sanidade ou vida
Que resta ao nosso redor, nos
Levando ao fundo do sombrio
Covil de lágrimas e gritos.