Mausoléu Violado

Nos véus da bruma que envolve a necrópole,
Emerge sofreguidão que dá azo à ambição,
Verter lágrimas em tinta, notas de canção,
Desenhadas em grafite nos muros da metrópole.

De rompantes amorosos em verso gótico,
Amálgama sangue e suor na linha escrita,
Pena que rompe o pulso em verve maldita,
Vitupério suicida em soturno tom melódico.

Romantismo que alça voo com o pássaro da noite,
Asas em frêmito alucinado, voluntário açoite,
Espancam  as dúvidas que da tumba se libertam,
Seduzem a mente como cortesãs que exultam.

Solitária oração noturna, ou seria conjuração?
Se a musa não se apieda, resta a fria maldição,
Que lasciva, lança o sudário aguardado e sedoso,
Complacente, descortina cego acalento ominoso.

 
Marcus Hemerly
Enviado por Marcus Hemerly em 11/03/2020
Reeditado em 13/04/2020
Código do texto: T6885693
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