"Impossível,"
"(...)Ah! bem me lembro! bem me lembro!
Era no glacial dezembro;
Cada brasa do lar sobre o chão refletia
A sua última agonia.
Eu, ansioso pelo sol, buscava
Sacar daqueles livros que estudava
Repouso (em vão!) à dor esmagadora
Destas saudades imortais
Pela que ora nos céus anjos chamam Lenora.
E que ninguém chamará mais.
E o rumor triste, vago, brando
Das cortinas ia acordando
Dentro em meu coração um rumor não sabido,
Nunca por ele padecido.
Enfim, por aplacá-lo aqui no peito,
Levantei-me de pronto, e: "Com efeito,
(Disse) é visita amiga e retardada
Que bate a estas horas tais.
É visita que pede à minha porta entrada:
Há de ser isso e nada mais."
(...)"
(O corvo)
Edgar Allan Poe, traduzido por Machado de Assis
...
Uma única mensagem de acordo
Uma pasta de arquivos, um corpo
Lados e lados deste mundo irreal
Quisera ter todo o seu hábito carnal
Quisera ser um poço de água e fim
Uma linha dos seus olhos pra mim
A palavra e faca por esta deserção
Todos os seus dias, toda a sua mão
Era tarde de sonhos, não era verão
Pois a água tão fria, nomeia-te: não!
E se o tempo repente fosse o vento
E a se a curva que te libra do tempo
Ah, indecisão!! Qual exército de ir?
Tal morada parada, d'água a servir?
O quê te faz caminhar?
Ou perto de cá?
...
Ii - "O conto descido,"
A marca.. a tempestade, um conto
Um sonho mau que te desenha ali
Todos os meus pecados e pronto!
Quisera ser quadro a levar- te daqui
Por um insensato aspecto passível
Meus medos, um espaço possível!
Tudo pra te deixar feliz! Meu hábito
A meus lados que te amam de fato
Ouve-me! Ninguém mais te chegará
Nem palavras, nem contas exatas
Eu sei, meu amor! De todo esse mar
Todas as suas ruas inteiras, nem lá!
Cada fim que te couber, parte de cá
Eu sempre estarei à cura de te amar