Sangue...
Titubeia coração,
Titubeia sem direção
As margens do caminho das trevas...
Cansado,
Perdido no perdão
Convicto da derrota
Destituído de emoção...
Vai,
Mergulha no sangue
Na vertente esquerda do meu peito
Na antítese da angústia
Devasta o corpo...
O insistente sopro da emoção
Calado,
Perplexo com o nada
Com tudo que é obscuro e fatal
Penetra na alma
Despe os demônios
Reflete sem espelhos
Morte, cheiro de morte
De foices esquálidas
De medo sem motivo
Dos motivos para se temer...
Treme,
Relaxa em sua angústia
Sorve cada gota
Cada pedaço do eu mesmo
Do tudo, do pouco que resta
Sem restar um sentido
Sem querer respirar...
Poças,
Formadas por gotas de sangue
Pelo anseio que transpirei
Pela lua, pelas sombras
Noturnas e derradeiras
Abraça a sepultura
Faz dela seu lar
Refúgio da minha, da sua miséria
Lar dos sonhos
Recanto dos pesadelos
Dos minutos que passam
Dos segundos que tropeçam
Dos infinitos e mortais instantes...
Rubro,
Escuro e seco
Na laje fria da desgraça
Na derrota dos séculos
Na impotência do passado
E em sua desolação, o futuro!
Casa minha,
Meu lar de desgraças
Meu cativeiro de desejos
Meu cárcere privado
Gostaria de lhe arremessar longe
Rompendo essa infeliz aliança
Tirando os adornos
Arrancando os elos de ouro
Despindo-me do orgulho
Para poder olhar para meu sangue...
Em minha poça de sangue
Um reflexo sombrio
Sem emoção
Sem dor
Sem sofrimento
Sem um pingo de vida
Sem voz
Sem desejos
Apenas uma poça opaca e seca de sangue
Apenas um mar morto
Um recanto sem vida...
Omnia idem pulvis