Sombras

E olhando ao redor

Vislumbrei escombros

Espaços vazios e restos de mim

Lembro dos sonhos, agora pesadelos

Imagino sendo tragado

Não pela vida, mas pelo medo de viver

Nunca quis viver de lembranças

Indo de encontro ao abismo

Levando comigo só escuridão

Esperando ardentemente não acordar

Vivendo a última esperança

E saindo silenciosamente...

Ao redor só escombros

Nada que me arranque um sorriso

O olhar antes castanho

Agora é cinza, obscuro e pesado

E se for para ser assim

Será como um alento

No momento, não quero nada

Apenas que a Morte possa confortar

Com seus braços frios

E seu semblante acolhedor

Que me chama, que me busca

E que de alguma forma

Está cada vez mais perto de mim

Não me vejo completo

O tempo é algoz e se estende

Desconfortável como o destino

Eu que já não sou mais menino

Perdi o brilho, perde a sede

Aquela sede de viver a qualquer custo

E vivo embriagado de luto

De despedidas e eternos adeus

A noite me estende os braços

As sombras me acolhem

Me protegem da angustia

Da vontade de partir

E se tentar...

Partirei!

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 17/02/2020
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