Trevas
Mergulhei nas trevas
Em densas noites me sufoquei
Esperança nenhuma encontrei
No meu caminho, espinhos
Nenhuma relva macia toquei
Nas feridas fechadas há tempos
Agora abertas, muito sangrei
Não tive consolo nenhum
Nenhum afago doce ganhei
O que podiam sugar de mim
Sugaram sem parar
Sugaram minh’alma
Até me esgotar, me consumir
E meu sorriso desapareceu
Nenhum amor restou em mim
O ser que eu era foi aniquilado
Não sobrou nada, nem um resto
Mas desejo que eu encontre
Um demônio qualquer que me ouça
Que escute não meus lamentos
Nem que queira me dar amor
Quero apenas encontrar um demônio
Sincero que permita que hoje
Eu possa ser apenas a dor que sou
Que me abrace sem interesses
E que me diga que tudo acabou
Se esse demônio existir, creio
Que virá do nada e me tomará
Pegará minhas cinzas inertes
E do fogo do inferno
Despretensiosamente, sem avisar
Me colocará de pé inflamado
E para um novo caminho
Me guiará...