Trevas

Mergulhei nas trevas

Em densas noites me sufoquei

Esperança nenhuma encontrei

No meu caminho, espinhos

Nenhuma relva macia toquei

Nas feridas fechadas há tempos

Agora abertas, muito sangrei

Não tive consolo nenhum

Nenhum afago doce ganhei

O que podiam sugar de mim

Sugaram sem parar

Sugaram minh’alma

Até me esgotar, me consumir

E meu sorriso desapareceu

Nenhum amor restou em mim

O ser que eu era foi aniquilado

Não sobrou nada, nem um resto

Mas desejo que eu encontre

Um demônio qualquer que me ouça

Que escute não meus lamentos

Nem que queira me dar amor

Quero apenas encontrar um demônio

Sincero que permita que hoje

Eu possa ser apenas a dor que sou

Que me abrace sem interesses

E que me diga que tudo acabou

Se esse demônio existir, creio

Que virá do nada e me tomará

Pegará minhas cinzas inertes

E do fogo do inferno

Despretensiosamente, sem avisar

Me colocará de pé inflamado

E para um novo caminho

Me guiará...

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 16/02/2020
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