Contrassenso
Podemos sentir, com ou sem razão
Dificilmente se escapa ileso dos sentimentos
E não há a intensão de rimar de uma forma qualquer
Nem há como evitar o desespero...
Se permito que a ilusão me acene
De um lado me privo de toda lógica
Mas esse demônio dentro de mim
Zomba do tiquetaquear do meu relógio interno
No inferno do tempo, só lamento
Não há como escapar de tão doces tentáculos
Se homem hoje sou, que diferença isso faz?
No demais, não importa o que sou
Se a lógica me falta, o amor quem sabe não
Se me faltar, nem por isso a lógica me preencherá
Eu me confraternizo com a Morte
Até porque a vida é uma estrada
Que nos leva aos braços da donzela cadavérica
Então antes que ela me beije pela última vez
Vou ao encontro do seu festim e me delicio
E a tal da razão, me faz falta? Te faz falta?
Creio que não, para nenhum de nós
Me passa esse pedaço de ilusão
Aí poderei dividir com todos os corações aflitos
E nada de conflitos, de sentimentos cruzados
Nada é o que me basta, já o tudo não sei...
Sim, sou um demônio, mas nem bom, nem mal
Sou o demônio que você escolher
Só não queria me usar apenas para o prazer
Ainda penso, ainda reflito, ainda tenho sonhos
Aproveite meus pensamentos
No momento, tome um porre da minha reflexão
E quando for dormir, sonhe com os meus sonhos
Não, não me use apenas para o seu deleite
Esse demônio gosta de ser bem aproveitado
E por mais que o meu e o seu corpo sejam novidades
O que podemos aprender e ter consciência
É que a Morte sempre nos esperará