Contrassenso

Podemos sentir, com ou sem razão

Dificilmente se escapa ileso dos sentimentos

E não há a intensão de rimar de uma forma qualquer

Nem há como evitar o desespero...

Se permito que a ilusão me acene

De um lado me privo de toda lógica

Mas esse demônio dentro de mim

Zomba do tiquetaquear do meu relógio interno

No inferno do tempo, só lamento

Não há como escapar de tão doces tentáculos

Se homem hoje sou, que diferença isso faz?

No demais, não importa o que sou

Se a lógica me falta, o amor quem sabe não

Se me faltar, nem por isso a lógica me preencherá

Eu me confraternizo com a Morte

Até porque a vida é uma estrada

Que nos leva aos braços da donzela cadavérica

Então antes que ela me beije pela última vez

Vou ao encontro do seu festim e me delicio

E a tal da razão, me faz falta? Te faz falta?

Creio que não, para nenhum de nós

Me passa esse pedaço de ilusão

Aí poderei dividir com todos os corações aflitos

E nada de conflitos, de sentimentos cruzados

Nada é o que me basta, já o tudo não sei...

Sim, sou um demônio, mas nem bom, nem mal

Sou o demônio que você escolher

Só não queria me usar apenas para o prazer

Ainda penso, ainda reflito, ainda tenho sonhos

Aproveite meus pensamentos

No momento, tome um porre da minha reflexão

E quando for dormir, sonhe com os meus sonhos

Não, não me use apenas para o seu deleite

Esse demônio gosta de ser bem aproveitado

E por mais que o meu e o seu corpo sejam novidades

O que podemos aprender e ter consciência

É que a Morte sempre nos esperará

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 30/01/2020
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