Fragmentos
A plenos pulmões eu clamo em choro o meu desalento de um destino vil que, sem piedade me espanca brutalmente a esperança. E agora, prestes a morrer, para mim é inconcebível imaginar que algo mudará, se não para pior, pois a cada aurora para mim é um suplício. E se me exasperei por causa banais foi porque fui fraco demais para tal lembrança.
Já não sei mais o que fazer... Tento me distrair com algo, mas é só por um momento que consigo esquecer... Depois volta à tona mais forte ainda, e é nestas horas que sou brutalmente ferido por minhas lembranças, rasgando mais ainda o meu psicológico enfraquecido. Desde então, este abissal onde agora me encontro tem convertido-se em um lugar que me tranquiliza quando vejo o pôr do sol e seu brilho escarlate, que esconde-se atrás das nuvens e depois do azul e insondável mar, mas não sem deixar um espetáculo fixo na lembrança.
A vista daqui é invejável, mas hoje um medo distinto e ávido me consome pela mansidão deste horizonte... E compreender o porquê das tristezas de um panorama tão lindamente encantador é o que não sei.
O fato é que eu não consigo refrear algo tão abrupto que me vem e arrebata para longe qualquer sentimento, sucedendo à morbidez do meu infortúnio pungente de ocultar um sentimento tão sôfrego. Envenenado pelo álcool num trajeto inconsciente, vivo a fantasia da esperança que já morrera em mim, e ao mesmo tempo sofro ao relembrar o que eu nunca senti realmente.... Onde nada mais sinto.... Onde mais ninguém sou. Sinto-me mais confuso que estas palavras e saber o que fazer é o que já não sei mais. Onde os pormenores defeitos tornam-se grandiosamente doloridos em meu coração já cansado de bater em vão
E agora, prestes a morrer, às margens desse abissal a jogar-me nas profundezas de águas escuras, digo aos prantos o meu desalento e infortúnio de viver assim... Chorando, deixo-me levar pelo vento que me acaricia a pele ternamente, arrebatando-me as lágrimas... Lançando-me ao ar, eu sinto a liberdade cada vez mais perto.