Ratos
Nas ruas da cidade cinza
Lá onde vem degradê monocromático
As margens do rio gigante
Onde o corvo está estático
Lá naquele barco
De madeira flutuando
Lá se vai o barqueiro
Ele sempre está remando.
Lá embaixo da ponte
Ouve-se o relógio
Lá em baixo de Paris
O som dos ratos é prodígio
Eles andam em quatro patas
Sobre pedras e ossos
Eles farejam a comida
Fazem da carne seu propósito.
O barulho do rato
Some com o remo
E o barulho do barco
É abafado pelo relógio.
Tic, Tac, diz a hora
A hora do terror é agora
Em doze badaladas vem o tempo
Embaixo do Sena há
O banquete sem demora
O baile dos ratos entre carcaças.
Consegue ouvir?
O ruído sinfônico
As patinhas correndo
Dedilhando o chão
Chega a ser harmônico
A orquestra dos ratos
Sobre os corpos sem vida
O jantar dos senhores
Em sua mansão rica
Baile sobre corpos
Sob o Sena