Tempestade

E naquela noite

ela não dormiu,

chovia, relampejava,

mas não estava com medo.

Foi ao banheiro

e parou frente ao espelho,

observou as marcas do tempo

e logo estava obcecada.

As rugas, olheiras

que andavam escondidas

pelas caríssimas maquiagens,

tudo isso era real.

Ela percebe que tudo foi em vão,

o tempo não pode ser barrado

por simples mediocridades.

Ele segue devorando a juventude,

se nasce e morre em um flash,

um clarão daquela tempestade,

um raio mortal.

E aos poucos vamos morrendo

e apenas em pequenos momentos

de clareza percebemos o estado

da nossa frágil integridade.

Nessa tempestade,

nesse banheiro mal iluminado,

ela começa a se despedir

das poucas gotas de vitalidade

que possuiu um dia.