Reino
Suave como uma noite
De primavera, me sinto
A ascender docemente
Rumo aos céus, pura,
Macabramente angelical
Ao sentir no peito o amor,
Outrora negado, que de ti
Recebo e por ti alimento,
Que nos carrega como
Cria nos braços, a nos
Abençoar com o reino
Da eternidade, nos chamando
Para viver pra sempre
A loucura, abençoada loucura
De nos amar pra sempre.
Acolhidas como estamos,
Suportando até mesmo
Os mais sombrios recantos
Desse nosso reino, nos
Deixamos cair apenas
De amor por nós, mesmo
Que recebamos o macabro abraço
Dessa benção a nós reservada,
Só pra vencer em nós o medo
De um dia vermos nosso amor
Transformado no gelo que um dia
Nos acolheu em seu gélido calor
De um abandonado santuário
Em que, como regentes, vivemos
Apenas sob nossas próprias leis.